quarta-feira, outubro 25, 2006

Flamengo saiu de uma costela do Fluminense

Este artigo só pode ser lido para quem compreende a diferença entre a conotação e denotação; entre sentido filológico e teleológico de uma sentença; ou, entre o modo figurado ou literal dos termos. Se houver radicalidades, mudem de endereço eletrônico agora, por favor. Mário, Maracanã, Filho sintetizou: "Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola".

Os mitos têm a função primordial de "de acomodar e tranquilizar o Homem, que vive num mundo inseguro, assustador e muitas vezes hóstil" (dêem uma olhada no que mais diz a Wikipédia). De Freud ao Róheim, passando pelo Jung, todos crêem que os significados mitológicos têm um profundo significado psicológico.

Quem procurar no Google as palavras Flamengo e Mito, irá encontrar quase 70 mil páginas com estes termos. Ou seja, não há como não colocá-lo muito distante dos mitos do fim do mundo, do dilúvio, do criador e, especialmente, do mito do pai e da mãe do mundo. O Santo Nelson Rodrigues explicou: "O Fla-Flu não tem começo. O Fla-Flu não tem fim. O Fla-Flu começou quarenta minutos antes do nada. E aí então as multidões despertaram."

Para os que não me escutam pessoalmente, só estou seguindo, mais uma vez, os passos do Professor Campbell.

Acho que o Futebol brasileiro tem algo de divino. Para mim, tenho a impressão que o Fluminense é o Adão e o Flamengo é a Eva do nosso esporte nacional. O Rio de Janeiro do início do século passado é o nosso Éden.

A superação do remo pelo futebol, como o esporte mais popular dos cariocas, é o início de tudo. É algo paralelo ao sopro divino.

Da briga entre os jogadores do Fluminense campeão carioca de 1911, surgiu o futebol do Flamengo. Graças a este entrevero, surgiu o grande clube de futebol que conquistou os corações da maioria dos brasileiros. A nossa Eva que nos encantou com o futebol belo, lindo. Eu tive a oportunidade de ver o Zico, mas houve muitos outros times memoráveis que ostentaram o uniforme rubro negro.

Do Fluminense, Adão, nasce a bela Eva, o Flamengo.

Obviamente, eu não corroboro com as machistas interpretações bíblicas que colocam a mulher como objeto do sujeito homem. Elas não servem para servir, completar ou agradar a eles. A subserviência que não há por parte do Flamengo em relação ao Flu é um indicador correto.

Para ficar, por enquanto, na teologia judaico-cristã, creio que o Flu anterior à rebelião que criou o Fla era um todo formado pela mistura dos dois times. O mesmo, creio, pode ser dito para o Adão pré Eva. Não era um homem; era uma simbióse completa dos dois gêneros que se constituia em um terceiro elemento. Nada de simplificações que classifiquem esta etapa inicial do primeiro homem bíblico como hermafrodita ou andrôgino. Este ser inaugural não era homem ou mulher, era um uno sagrado que continha todas as essências de ambos dentro de si e, por isso, prescindiam de órgãos reprodutores singelos.

Talvez, alguns rubro-negros tenham ficado ofendidos com esta relação Flamengo-Eva, insisto que machismos não são o melhor caminho. Nada há de errado em ser mulher.

Meu paralelo continua: os Santos e Santas e, acima de tudo, Cristo transcenderam à sexualidade carnal. Entraram em um extase divino. Buda e várias vertentes das religiões hindus, do mesmo modo, sobrepassam o sexo e sexualidade. Um bom exemplo da superação desta oposição é o equilíbrio entre yin-feminino e yang-masculino.


Destas premissas, creio que a grande sublimação do Fla-Yin vs Flu-Yang é a Seleção Brasileira. Com a camiseta amarelinha há uma transcendência do Título Carioca e das gozações. Uma beleza emocinante que resultou nos Títulos das Copas e na alegria do povo, mas que nasceu de um Éden carioca e geraram descendentes por todo o País.

Abraços,

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