domingo, abril 20, 2008

O interior não está na final do Paulistão de 2008

Não há confusão. Concordo plenamente com o truísmo que Interior é o conjunto que não contém a Capital.

Explico-me: a foto que você ao lado é da Estação de Trem da Cia. Paulista de Estradas de Ferro de Campinas. Nesse terminal ferroviário havia uma interessante sinalização interna. As placas indicavam as gares destinadas aos trens que seguiam para o Interior e as para os que seguiam para a Capital.

Se se vai para algum lugar, necessariamente, não se está nele. Pelo menos, é isso que sempre se viu nas C.N.T.P..

O Estado de São Paulo nunca foi grandes coisas na história do Brasil até que surgiu o Café. O Ciclo do Café foi igualzinho ao do Ouro, da Borracha, da Cana, que ocorreram em outras regiões brasileiras. Os paulistas deram sorte de emendarem o final da agricultura com a industrialização.

O Café, na virada do Século XIX para o XX, fez primeiro o Interior Paulista rico e essa riqueza só chegou à Capital depois. O fato de Carlos Gomes ser campineiro e não paulistano é um ótimo indicativo da maior punjaça que Campinas tinha a um século atrás. Acho que as Cias. Operísticas européias passavam por Buenos Aires, Campinas e Manaus em seus tours sulamericanos. Em Campinas as coisas aconteciam antes que na Capital.

Dessa época é que se origina a fleuma campineira que é observada até hoje. Já fui muito naquela cidade e é impressionante como os de lá ainda guardam um orgulho incomum da sua urbe.

Não é outra razão que explica o porquê do interiorano Guarani ter ganhado um Brasileirão. Fora o Santos, apesar da história da Cidade, que só explica pelo Rei, e o Bugre; só times de Capitais de Estado ganharam esse título.

Todo mundo quer participar de coisas boas que lhes dê orgulho. Tanto faz se é a empresa onde trabalha, a escola que estuda, o time que torce, é da nossa natureza. As vezes, esses amores se misturam.

Ser torcedor de um time campineiro é conseqüência natural e, para alguns, obrigatória, para quem recebe, mesmo que sem perceber, a influência do passado de Campinas. Sem essa identidade orgulhosa dos munícipes para com sua urbe, não se explica esta devoção:


Abraços,

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