quarta-feira, setembro 10, 2008

Volte, por favor, odiado caríssimo inimigo.

Desde 2ª feira, quando li o caderno de esportes do jornal "O Estado de São Paulo", mais especialmente a crônica semanal de UGO GIORGETTI (não sei ao certo o time dele, mas pelo nome deve ser um porquinho), tenho vontade de voltar a escrever no blog Rank 4 do Google.

Incrível como as palavras proferidas por Washington Olivetto, no fim do ano passado, se tornaram proféticas. Não sem tempo, admitiram que o campeonato brasileiro é que foi rebaixado. Finalmente foi publicado o real sentimentos de todos: estão sentindo falta do campeão dos campeões, do clube mais brasileiro.

Oras, não se atormentem por tão pouco. Aproveitem o momento. Ano que vem estamos de volta. Tá aí. Só estamos nos preparando pro centenário em 2010.

Mais 9 pontos e tudo se acaba. Se tudo der certo, dia 20 de setembro, contra a Ponte Preta (sempre ela, a macaca...). Tarde de sábado (tem melhor hora pra ir ao estádio?!), Pacaembu lotado, camisetas comemorativas, o Brasil parado em frente à TV. Enfim, tudo preparado.

Nos 3 últimos meses do ano que restarão, apenas a busca por mais 1 título que os bambis não tem, além das merecidas férias.

Tá acabando, pessoal. Aproveitem essas 2 últimas semanas. Enviem aos amigos aquela piadinha que guardou na caixa de e-mail; aquela montagem com o Supermercado Xexêto e a Tubaína Funada patrocinando o manto sagrado. Vamos deixar de ser a 2ª marcha daquela tão difundida charge do câmbio de um automóvel. E vcs, da Vila Sônia? Deixarão quando de ser a marcha ré?

Pra quem não leu, vai a honesta crônica. O grifo é nosso. Mas podia ser, perfeitamente, do crônista parmerista.

Abraços.

Próximo da Avenida Pacaembu o carro se viu no meio da saída dos torcedores do Corinthians. Os ocupantes do carro, entre os quais eu mesmo, começaram imediatamente a reclamar e amaldiçoar o timão por quase nos bloquear o caminho e transformar o trânsito daquela hora do sábado no inferno habitual dos dias de semana.

De repente alguém dentre nós fez uma pergunta pertinente, mas que ocasionou um longo e embaraçoso silêncio: " mas afinal, com quem o Corinthians jogou?" Ninguém soube responder naquele carro onde não havia um único corintiano.

Ficamos assistindo a saída daquela torcida com suas camisas, suas bandeiras tudo tão familiar, mas ninguém sabia contra quem tinham jogado. Nada do adversário, nenhuma informação. Era como se tivessem jogado contra ninguém, como se comemorassem a vitória sobre algo invisivel, talvez inexistente.

E de repente me ocorreu que essa era a tragédia da segunda divisão: o esquecimento. Ninguém sabia contra quem o Corinthians tinha jogado porque o time não estava mais entre nós. Não fazia mais parte das nossas preocupações. Estava num limbo, num vazio, sobre o qual havia as costumeiras noticias nos jornais, com placar, renda, goleadores, etc.

Mas contra quem? Quem seriam os times misteriosos que mereciam a atenção daquela enorme massa torcedora? Nunca tinha me acontecido coisa parecida desde a infância, isto é, excluir o time do Parque São Jorge do meu horizonte de preocupações. Nunca tinha me acontecido de perdê-lo de vista e principalmente não me preocupar com ele. Não saber que lugar ocupava na tabela, quando meu time teria de enfrentá-lo, quem estavam contratando, essas coisas que fizeram parte do futebol como eu o entendo por tantos anos. Sequer me ocorria torcer contra ele, uma das atividades mais agradáveis a que se entregam os não corintianos através dos tempos.

O Corinthians definitivamente entrou em outra dimensão e se encontra num mundo a parte. Sei que os corintianos não percebem isso, evidentemente. Para eles o time está aí, presente, preparando-se para voltar à primeira divisão e eles encaram a segundona como uma competição qualquer. Abrem os jornais e lá está Mano Meneses. Ligam a televisão e lá estão as camisas alvinegras como sempre. Eles não sentem falta do time.

Mas nós sim. É a nós, os antitimão de todas as espécies, que o Corinthians faz falta. Me entristeceu não saber quem era seu adversário ali no trânsito do Pacamebu depois da partida. Me entristeceu ver o Corinthians tão distante.

Fui atingido subitamente por essa estranha verdade: esse time me faz muita falta. Constato que pior do que perder para o Corinthians é não tê-lo como adversário. É sua presença que garante a grandeza dos demais: só se é realmente grande depois de vencer o Corinthians em alguma decisão empolgante, num domingo de sol, com o estádio lotado. Não ter essa possibilidade é uma perda irreparável.

Há pouco tempo conversando com meu amigo doutor Clovis Lombardi constatamos que os dois, anticorintianos fervorosos desde a pré-história, nos lembrávamos de todos os nomes de um longínquo, lendário ataque do detestável clube: Claudio, Luisinho, Baltasar, Carbone e Mário.

Esse é o time que me atormenta desde a infância e a quem faço um apelo. Saia logo dessa nebulosa em que se encontra, volte desse lugar misterioso. Volte, por favor, odiado caríssimo inimigo.

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