quinta-feira, março 12, 2009

A dor no futebol

Quando se é criança pequena, tem-se uma visão mágica do jogo. É algo bom porque, geralmente, o pai gosta e o pequeno quer imitá-lo. Por exemplo, tenho uma amiga, criancinha no início dos anos 80, que torcia para o Zico e para o Fluminense naquela época. Seu pai é tricolor e o Galinho de Quintino era o craque da vez naqueles tempos.

Lá pelos 7, 10 anos, é que começa-se a entender a derrota tal qual os adultos a vêem. Não sei se é um crescimento, uma evolução isso, creio que é diferente só.

Mas é a dor que marca, que impõe o desafio.

Nos 12, 14, têm-se as peneiras e, novamente, novas frustrações. Nessa idade já há peladinhas com amigos que marcam a nossa memória para sempre.

Eu me lembro de alguns lances bons que fiz e de outros que senti na pele. Sem tomar um drible, sem tomar um gol não se dá valor aos gols que você ou seu time faz.

Não tem jeito, acho, de existir o belo sem o feio como parâmetro.

Tem estas duas obras de arte que representam bem a dor que, por exemplo, o Brasil sentiu em 50.


Este quadro tem o título de As velhas ou O Tempo e a Velha Mulher e é de Goya. Se gostou, veja toda a obra dele no Web Gallery of Art.

Também gosto muito do Augusto dos Anjos. Separei, para você, da sua obra este poema:

INFELIZ

Alma viúva das paixões da vida,
Tu que, na estrada da existência em fora,
Cantaste e riste, e na existência agora
Triste soluças a ilusão perdida;

Oh! tu, que na grinalda emurchecida
De teu passado de felicidade
Foste juntar os goivos da Saudade
Às flores da Esperança enlanguescida;

Se nada te aniquila o desalento
Que te invade, e pesar negro e profundo,
Esconde a Natureza o sofrimento,

E fica no teu ermo entristecida,
Alma arrancada do prazer do mundo,
Alma viúva das paixões da vida.



O bom do futebol é que não é preciso muita bagagem para sentir o belo, o feio, as emoções. Há uma conexão direta entre o jogo e os torcedores.

Abraços,

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