segunda-feira, agosto 28, 2006

Ah, Gaviões...

Antigamente, quando morava em Jaú, uma pacata cidade localizada no interior de São Paulo, eu era fascinado pelas torcidas organizadas. A maior delas, que inclusive está ligada ao meu time, era a minha grande paixão. Quando eu adquiri uma camiseta da Gaviões da Fiel, eu me senti realizado. Manga comprida. Preta com detalhes em branco na gola e pulso. E com um enorme gavião segurando o distintivo do Corinthians, localizado entre a escrita da entidade. Assim era o perfeito manto sagrado. E o melhor de tudo: exclusiva para sócios. Vestindo ela, eu realmente me sentia um corintiano. Agora sim eu pertencia a uma classe exclusiva. Aquela que preenchia a arquibancada do Morumbi com uma única bandeira. Aquela que sempre apoiava o time, não importando a sua situação. Aquela que tinha os melhores coros do futebol, cantados por um estádio inteiro.

O tempo passou e a minha vinda para São Paulo se torna algo essencial para quem deseja seguir carreira como publicitário. O Paulo Machado de Carvalho, próximo a minha faculdade e residência, era com certeza mais um grande atrativo que a capital oferecida. A volta para a Copa Toyota Libertadores da América seria algo imperdível. O ano era 2003 e o Corinthians tinha o seu primeiro encontro marcado contra o Cruz Azul do México. Porém, tal não fora a minha primeira partida no Pacaembu. Lembro-me bem de quando meu pai levou seus três filhos para acompanharmos ao vivo a partida entre o timão e o Fluminense. O resultado pouco importou (derrota por 1x0). O que realmente valeu foi ter visto os ídolos de perto, bem como sua espetacular torcida. Que maravilha!

Porém, o encanto passou. Acompanhando a Gaviões de perto, pude perceber como ela realmente é. A saída do Edílson, em 2000 após a derrota nos pênaltis para o Palmeiras, era, para mim, algo isolado, afinal, nenhum jogador era maior que um time. Todavia, fatos fizeram com que o “castelo de areia“ fosse desmoronado. Pegue um ônibus lotado por torcedores do seu time e tente não sofrer qualquer medo. Vá adquirir um ingresso e sabia que o “esgotado“ deve-se ao fato, não somente das ações dos cambistas, como também da obrigatoriedade dos dirigentes em ceder convites para as organizadas. Veja-os usando drogas, tornando os mesmos mais machos para cometerem atitudes, no mínimo, idiotas, como invadir o gramado, bater em alguém que veste a camisa do adversário, dentro outros aspectos.

Presencie um jogo junto com esses torcedores e veja o quanto eles torcem na realidade para seu time e saiba que você é muito mais fanático.

É, infelizmente, eu estava errado. Descobrir a real utilidade de uma organizada foi uma frustração. Mas, eu não me arrependo do passado. Tento somente melhorar o presente e o futuro. Confesso que existe um sentimento de tristeza em ter tanto amado aquela camiseta. Deixá-la pendurada no cantinho do armário é apenas um gesto de mostrar a minha decepção frente a eles e gostar, cada vez mais, da instituição Corinthians, e não de sua torcida, dirigente, parceria ou ídolo.

Salve o Corinthians!


Milton Capps


P.S.: Nos próximos capítulos, se o pessoal Na Cal permitir, escreverei sobre as minhas outras decepções a respeito de Dualib; Excel, HMTF e MSI, além de Marcelinho e Carlitos.

Um comentário:

Sidarta Martins disse...

Será um prazer tem mais escritos seus no Na Cal!!!

Abraços