segunda-feira, abril 16, 2007

Teoria do Futebol



Na faculdade de direito, gostava de estudar as filosofias constroem o conceito do direito. Agora, na de Letras, sigo o mesmo caminho. Apesar do professor ser um soberbo, gosto de Teoria Literária também.

Outro dia, lendo um livro deste assunto de um inglês, percebi que falta falar mais sobre o que é o futebol. Qual o fundamento do jogo de bola. Com o inglês falando isso e aquilo sobre literatura, arte, fiz a associação: arte, futebol, Inglaterra, Brasil... e teoria. Tomará que eu consiga não ser um pé no saco.

Futebol não é um conceito aberto que aceita qualquer coisa para mim. Por mais que os semióticos, pós-modernos e congêneres tentem me dizer que tudo depende do olhar de cada um para que os conceitos sejam construídos, acho que a história futebolística deve ser respeitada. A memória que foi construída sobre este esporte é importante.

Por outro lado, não acho que futebol é o que os técnicos e os dirigentes dos clubes e das seleções apresentam também. Não é um pegar ao largar para os torcedores. Os donos do poder não podem tudo.

Há um ponto mediano ideal. O conceito de futebol não é o que cada torcedor e, muito menos, o que as instituições decidem. Há um jogo dinâmico dessas duas forças externas ao campo. Mesmo os treinadores, eles não entram em campo. Mas são, torcedores, técnicos, dirigentes e imprensa, fatores menores para o futebol.


Para além das forças exteriores ao gramado, há as equipes, com seus jogos coletivos. Os times é que entram em campo. Sofrem, é fato, muita influência dos diretores, técnicos e torcida. Mas, no momento em que pisam no relvado, se soltam dessas realidades além externas. Dentro das quatro linhas, são eles e a bola. O juiz e todo o resto não fazem gols, a ação fundamental está nos pés dos jogadores e ninguém pode mudar isto.

Como é o pé do craque o ponto alto do evento, os esquemas táticos dos treinadores também ficam em segundo plano. É lógico que é muito importante um time bem armadinho. No entanto, um time de pernas de pau otimamente armados não se compara a um time de craques sem esquema claro. Respeito quem vê primazia na mão tática do técnico sobre a habilidade de um 10. Não pretendo fechar a questão, mas tomo o meu lado no debate.

Acho que as estruturas para além do indivíduo não retiram-lhe o seu brilho. Classe social, estrutura, grupo, família, todos estes espaços sociais são palcos para que as pessoas vivam seus papeis com mais ou menos aptidão. No futebol, o talento é a marca fundamental.

Esta última Copa do Mundo é um ótimo exemplo: a Campeã Itália tinha um time ajustadinho, retrancado, que não conquistou o título. Os favoritos, Brasil e França de Zizou, é que deixaram de levar o caneco desta vez. Simples assim! Quem lembra o nome do craque italiano? As pessoas se lembram do zagueiro que levou a cabeçada do craque franco-argelino, quem sabe do nome do bom capitão-zagueiro que levantou a taça, mas não vai muito além disso.

-- E 82!?

Eu sei que na Espanha o futebol bonito não ganhou também. Não me incomodo com isto. A triste derrota do time do Telê e Zico não quebra meu ponto de vista. Acho que tenho de formar a minha opinião olhando toda a história do futebol e construí-la de forma mais abrangente possível. O craque do Flamengo e o técnico do São Paulo foram campeões em Tóquio. Falar que o futebol arte deles ficou perdido no passado é complicado quando se leva em conta estes títulos.


O Robinho está conquistando o lugar que um craque merece no Real Madrid do italiano-retranqueiro*. Veja a primeira oração de uma reportagem do dia 8 deste mês:

Se o técnico Fabio Capello ainda tinha dúvidas sobre Robinho, o atacante brasileiro provou mais uma vez que não pode ser reserva do Real Madrid. Ainda não se convenceu? O que falar do Manchester do Cristiano Ronaldo? A beleza de um drible é superior a de um plano tático. Eu sou biologicamente equipado com olhos que focam o detalhe, o jogador ou a presa. Ver tudo e todos ao mesmo tempo não é comigo. Na hora que vejo uma partida, não faço teorias mais ou menos sofisticas ou complexas. Diante da tevê ou no estádio sou um torcedor que gosta. Intelecções tem seus momentos adequados e os não adequados. Durante a partida, o bom é sorrir, chorar, vibrar. Algo muito distante do raciocinar.



Abraços,

*redundância necessária