Não há como os ensinamentos de Joaquim Maria Machado de Assis não entrarem em campo neste blogue. Após lê-lo e ter contato com seus interpretes, alguma coisa a gente pega.
Ao contrário de Eça de Queirós, o maior escritor brasileiro não gostava das explicitudes. O óbvio era despresado pelo Bruxo do Cosme Velho.
Nesse espírito, gostei do que o artigo E se o Nuzman virar bispo?, que Juca Kfouri publicou ontem na Folha e em seu blogue.
O calejado jornalista assim começa seu o texto:
O JORNALISTA Armando Nogueira gosta de contar que, quando dirigia o "Jornal Nacional", da Rede Globo de Televisão, recebeu uma noite a visita de um amigo nem bem a edição daquele dia tinha acabado. E o amigo foi definitivo: "Nossa, como o doutor Roberto meteu a mão no jornal hoje, hein Armando?".
(...)
Pois naquele dia, o dia inteiro, o dono da Globo nem sequer telefonado tinha para a emissora, pois estava em visita a alguns haras, se não me engano em Teresópolis, para escolher cavalos de raça, uma de suas paixões.
Armando Nogueira sempre conta o caso quando quer mostrar que há jornalistas mais realistas do que o rei, gente que gosta de interpretar a cabeça do dono e o faz pagar pelo que, às vezes, não fez. (...)
Foi fundamental o às vezes!!! Quem não faz às vezes, outras vezes o faz. Há uma diferença fundamental entre o às vezes e o sempre ou o nunca.
O artigo segue, mais adiante, com um outro relato interessante:
O(s) interesses comerciais, as compras de direitos de transmissão acabam por influenciar os profissionais da Globo Esporte a tal ponto que os cartolas passam a ser tratados como sócios, não como vendedores, e acima das críticas*. Agora começa a especulação em torno de que a Globo deixará de cobrir esportes olímpicos, já que perdeu para a Record os direitos da Olimpíada de Londres.
A máscara da empresa dos Marinhos será definida na Olimpíada de Londres. Se houver o mesmo tipo de patriotada que há nas suas usuais transmissões de F-1, de Olimpíada, de Libertadores e, sobretudo, de Copa do Mundo de Futebol, ficará claro que a Rede Globo apóia o poderoso da vez porque é da sua essência.
Contudo, se o esporte brasileiro, na próxima Olimpíada, não tiver o destaque que teve na de Pequim; ficará mais plausível a teoria que define a Globo como sócia do Poderoso de plantão que a financie.
O silêncio da Globo com relação aos desmandos do atual Sereníssimo é revelador.
Abraços,
* É a prática do Velho Getúlio: aos amigos, tudo; aos inimigos , os rigores da lei.
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