quinta-feira, setembro 09, 2010

Kairós

Certa vez, a cantora Angela RoRo deu uma declaração interessante. Mais magra e visivelmente mais disposta, depois de algumas mudanças em seus hábitos, ela disse que havia algo para o qual não existia plástica ou tratamento eficaz: o passado.
De fato, essa é a essência do passado: não voltar. E, por mais que façamos hipóteses, o "se" nunca consegue apagar o já realizado, para o bem e para o mal.
Com o futuro, a coisa é diferente: sua essência é nunca acontecer.
E essa é a sensação quando uma boa oportunidade é perdida: nunca mais a convergência será a mesma que levou tanta gente a crer em um certo êxito.
Foi assim, por exemplo, com as grandes seleções derrotadas, como a Holanda-74 e o Brasil-82. A tentativa de reedição esbarrou no tempo e em sua obra. E o futuro glorioso não chegou.
É um pouco o gosto que ficou depois do jogo entre Brasil e Argentina no 07 de setembro.
Alex, Huertas, Leandrinho já estão entre os 28 e os 30. Nenê, que não foi, provavelmente não vá à próxima ocasião. Spliter não terá mais 25 anos e Varejão já está com 28.
É um time forte e que jogou bem, até que, nos últimos instantes, a oportunidade se foi.
Em grego antigo, há uma palavra interessante: kairós. Ela passa a ideia de um momento único que não se pode deixar passar; é o cavalo encilhado.
Dizem que ele só passa uma vez, mas pode ser que, se passar uma segunda, esteja mais cansado e fácil de domar. Será?

Nenhum comentário: