sábado, outubro 23, 2010

Pelé - 70 anos

Gostem ou não dele; comparem-no com Puskas, Di Stéfano, Cruyff, Maradona, Messi; ou com seus antecessores Zizinho, Leônidas, Fried, Meazza, Sindelar; Pelé teve o mérito indiscutível de, com a profusão dos meios de massa, aumentar-se e agigantar o próprio futebol.
Por sete mil dólares mensais foi para o Cosmos e ganhou o que lhe faltava do mundo, confirmando a figura de atleta pópi .
Hoje é comum esportistas com contratos vitalícios com seus patrocinadores. Pelé se diferencia por conseguir manter uma imagem a vender mesmo estando tanto tempo fora de campo.
Ao separar o Édson do Pelé, ele antecipou diversas figuras públicas. Mas, como poucas, conseguiu o objetivo pretendido: o de tornar imaculado o mito.
As questões particulares de Édson são logo ofuscadas pelos feitos no futebol. E, se em campo, fez algo errado, como a cotovelada contra o jogador uruguaio em 70, isso logo se transforma em ato paradigmático. "Ele sabia até bater", dizem.
Nelson Rodrigues, que foi um dos que mais elevaram Pelé ao patamar de intocável, dizia que a unanimidade é burra. Porém, como exceção que comprova a regra, atentar contra a aura de Pelé parece ser de pouca inteligência. Que o digam Romário e Maradona.
Seus defensores logo sacam argumentos morais, nacionalistas,hagiográficos.
Falar qualquer coisa contra Pelé é praticamente um delito de opinião.
A adoração a ele é praticamente religiosa e, ainda que se possa contestar a racionalidade dos fiéis, ofender-lhes a fé é pouco inteligente, pois não traz nenhum resultado aproveitável.
Pelé, aos setenta anos, vive da imagem de imortal. E, para alimentar a idolatria, a publicidade prova que ele pode até morrer, mas não envelhecer.

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