domingo, janeiro 09, 2011

Há 25 anos

Ao que parece, terminou a novela Ronaldinho Gaúcho. Isto lembra algo que aconteceu com outro grande astro do futebol há 25 anos.

Tal como Ronaldinho, Paulo Roberto Falcão estava decidido a jogar no Brasil em 1985. Naquela época, a FIFA não havia criado o prêmio de melhor do mundo (posso estar enganado, mas o futebol parecia menos afeto a vaidades deste tipo). Se houvesse o prêmio, talvez Falcão tivesse vencido uma vez. Certamente teria sido, ao menos, indicado. Na Europa era reconhecido como o Rei de Roma. Quando voltou ao Brasil, era considerado unanimidade nacional (veja capa da Revista Placar em http://ftt-futeboldetodosostempos.blogspot.com/2010/07/revista-do-dia-placar-1985.html#comments) .

Três times disputaram o passe de Falcão. Guarani, Flamengo e São Paulo. No final, quando tudo estava quase definido, o Internacional com o apelo sentimental. Quem negociava com os clubes era um empresário, que não era irmão do jogador.

O time de Campinas da época era um time estruturado. Tinha craques como Waldir Peres, Ricardo Rocha, Júlio César, Neto, João Paulo e Evair, além de jogadores que fizeram muito sucesso em outros times, como Wilson Gottardo e Giba. O Bugre ficou em 3ª lugar no Paulista daquele ano. Foi vice-campeão brasileiro nos dois anos seguintes (em 1987, com asterisco).

O Flamengo já tinha repatriado Zico e Sócrates. Com Falcão, faltaria apenas Toninho Cerezo para completar o meio de campo da seleção de 1982.

Porém o São Paulo sempre apareceu como favorito. Sempre apostou mais forte e acabou levando a melhor. Já tinha um time fantástico, com veteranos consagrados (Oscar e Dario Pereira), craques trazidos de outros times (Gilmar, Pita e Careca), revelações (Silas, Muller e Sidney) e laterais eficientes (Zé Teodoro e Nelsinho). A única exceção era Márcio Araújo, único jogador titular que, ao final da carreira, nunca foi convocado para a seleção de seu país.



Falcão chegou justamente para ocupar o lugar de Márcio Araújo. Estreou com festa contra o Internacional em 26/09/1985, em jogo amistoso para receber o Rei de Roma.

Mesmo com Falcão, Cilinho continuou jogando com Márcio Araújo, preferindo sacar Pita. Após uma derrota para a Portuguesa, que era a principal concorrente ao título, Falcão perdeu a posição de titular. Apesar dos apelos da torcida e da diretoria que investiu caro na sua contratação, Cilinho manteve Falcão como opção de banco até o final da primeira fase. Voltou para a fase final e foi titular em todos os jogos. No Tricolor, fez apenas um gol, contra o Fluminense, já em 1986.



Há muitas diferenças entre as histórias. Nos anos 80, a repatriação de jogadores não era algo tão comum. O número de jogadores que deixava o Brasil era bem menor. Isto só acontecia depois que o jogador construía uma bem sucedida carreira no país.

Para a Copa de 2010, apenas três jogadores da seleção brasileira não jogavam fora do Brasil. Em 1986, Telê Santana chamou apenas quatro “estrangeiros” e nem citou o clube onde jogavam ao anunciar a convocação. Ao retornar, Falcão buscava um lugar na Copa do México e, por isso, recusou uma proposta milionária da Fiorentina. Embora não estivesse no ápice, Falcão poderia ter continuado, eis que tinha muito perstígio. Ronaldinho Gaúcho, ao contrário, não tinha mais espaço na Europa. O Brasil é o único lugar onde ele pode reconstruir sua imagem.

Outra diferença são os times que disputaram os craques. Como dito, Flamengo, Guarani e São Paulo tinham grandes esquadrões. Os jogadores atuais de Flamengo, Palmeiras e Grêmio não seriam titulares em nenhum dos times que disputaram o passe de Paulo Roberto Falcão.

A questão é saber se Ronaldinho Gaúcho será um titular inquestionável. Luxemburgo voltará aos holofotes.

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