quinta-feira, junho 23, 2011

Santos: 1991-2011

Para quem foi criança no fim dos anos 80 e começo dos 90, o Santos era uma espécie de segundo time. Todos queriam ver o Peixe ganhar, porque o Peixe não ganhava nada.
O time de 1991, por exemplo, tinha alguns bons valores: Sérgio, Almir, Nei, Marcelo Veiga e César Sampaio.
(Naquela época, estávamos acostumados à derrota. Rossi, Platini e Maradona nos haviam ensinado a perder e a reconhecer o valor dos adversários. E o Santos representava a memória do êxito.)
Nos dez anos que se seguiram ao título estadual de 84, os paulistas dominaram o futebol brasileiro, com Palmeiras (93 e 94), Corinthians (90) e São Paulo (86 e 91); a equipe de Telê e Raí venceu a Libertadores, e a Seleção fez a América. Mas o Santos era mero espectador.
Por isso, quando surgiu o time de Giovanni, todos torceram para o Peixe. Mas um erro do árbitro arrefeceu um belo sonho, provando que, no futebol e na vida, há numerosos fatos que pesam para o sucesso de uma história.
O Santos retornou ao papel de coadjuvante. Sua diretoria, contudo, investia pesado para tentar retomar o lugar de protagonista.
Num desses esforços, a diretoria gastou muito dinheiro em 2001. As aspirações santistas reuniram Rincón, Galván, Dodô e Deivid, e acabaram num gol de Ricardinho aos 48 do segundo tempo.
Sem dinheiro, a direção entregou a Leão um time sem grandes astros.
Mas a equipe se classificou para a fase decisiva depois de resultados inesperados na última rodada. Diego e Robinho eram os novos "Meninos da Vila", num time que contava com bons jogadores vindos de outros times menores como Alex (Juventus-SP), Renato (Guarani), Elano (Inter de Limeira), Maurinho (Etti Jundiaí) e Alberto (Botafogo-SP).
Alguns deles já estavam no time, mas não tinham muitas chances na época das estrelas. Paulo Almeida, por exemplo, esteve em campo em 2001 e em 2002. E em 2003, quando, num gesto insólito, evidenciou o desespero e despreparo do time santista na final da Libertadores.
Mas o principal feito do Peixe veio com o Brasileirão de 2004. Ali, o clube mostrava que voltava definitivamente à elite e passaria a incomodar.
O Santos se consolidou, então, como "primeiro time" de muita gente.
Ontem, conquistou a Libertadores quase meio século depois da fase áurea. E o fez porque, principalmente depois das chegadas de Elano e Muricy, comportou-se como um time coeso. Time em que Neymar e Ganso brilham, e em que Elano, Dracena, Adriano e Arouca correm para que os craques brilhem.
Parabéns ao Santos! Pelo título, pela festa, pela história.
Parabéns a Muricy! Por mostrar que é de fato o melhor técnico do Brasil, pois não só monta times, como os conserta.
Uma pena que hoje já não seja como em 91: pois torcedores já não sabem perder, ganhar ou saudar um vencedor que não seja o seu time.

2 comentários:

Sidarta Martins disse...

Um povo não santista do trabalho tava nessa de gorrar o Peixe. Pena.

Eduardo Vidoti disse...

Excelente Post! Tenho o meu time de coração e não é o Santos, mas ontem ao contrário de muitos torcedores de outros times, torci e comemorei a vitória não só do Santos mas do Futebol Brasileiro em sim.
Parabéns Santos!