Amanhã será disputada a final do campeonato.
Estranhamente, o brasileiro (e assim me refiro a mim e a meu único leitor) tem uma lógica sinuosa: trata o futebol como a mais séria das coisas; já o que é realmente relevante, trata como se fosse o ludopédio.
Feitas as equivalências, fica claro que o despreparo para a derrota é irmão da incapacidade para a discordância. Basta ir a um bar, a casa de um amigo, a uma escola para conferir.
O cidadão se apresenta como eleitor da agremiação X. Pronto. Rapidamente, os adeptos do Y começam a hostilizar, a inventariar preconceitos. Torcedor de tal time é isso e aquilo. Sempre.
Nas mesas redondas, cada um torce para o seu. O derrotado, ao final, culpa o árbitro, o campo, a imprensa. Vez por outra, ainda tenta reverter no tapetão.
E há, ainda, o pior de tudo. Tentam convencer a platéia com um enxame de números, colhidos conforme a metodologia mais adequada a quem os cita.
Triste. Muito triste. Um jogo truncado, sem brilho. Um 0x0 que só produz derrotados. E, na retórica arrevesada, sempre é citado o torcedor. Este sabe o quanto está, foi ou será melhor e mais bonito o jogo, mais emocionante o campeonato. Mas ele sempre é derrotado, restando-lhe apenas recordar a glória fugidia de um longínquo certame para justificar uma insistente preferência.
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