Um amigo meu palmeirense tem 12 anos. É um amigo de família do lado de minha esposa que ainda não aprendeu a palavra "campeão". O único troféu que ele tem uma vaga lembrança é o de campeão da Copa dos Campeões em 2000. Desde que ele começou a compreender o mundo, sequer viu o Palmeiras chegar a uma final. O Palmeiras foi campeão da série B, é verdade, mas ele mesmo reconhece não valer.
Ele estava em minha casa no último jogo São Paulo X Palmeiras em um almoço de família. O favoritismo do São Paulo era tanto que ele não se interessou pelo jogo. Afastou-se do televisor quando Souza fez o primeiro gol, surgiu na sala como um ser teleportado quando o juiz deu penalty para o Palmeiras e não deu mais sossego aos são paulinos após o gol que sacramentou a vitória palmeirense. De nada adiantava argumentar que o Palmeiras era o décimo-muito, que o São Paulo era o atual campeão mundial, que tinha eliminado o Palmeiras nas duas últimas libertadores. Para ele, o Palmeiras venceu o São Paulo e foi a única nota que tocou até ir embora. Não havia argumento contra aquele fato.
Outro dia eu estava remexendo coisas no armário e achei um super-trunfo, algo que vai evitar que o constrangimento daquele dia se repita pelo resto da vida, mesmo com o advento de uma nova era Parmalat. Achei uma foto dele com uma camisa do São Paulo.
Evidentemente, já providenciei algumas cópias daquela foto. Terei uma sempre ao alcance quando souber que ele estará por perto como instrumento de coação. O acordo a ser proposto é equilibrado: Se o Palmeiras ganhar, ele fica quieto e a foto fica escondida.
Ele pode argumentar que evoluiu, que não tinha poder discricionário com aquela idade, que todo cidadão tem o direito de livre escolha, etc. Muitos atos de nossa vida repercutem para sempre, não importa a idade. Não haverá argumento contra este fato...
Nenhum comentário:
Postar um comentário