domingo, dezembro 03, 2006
Pobres ou ricos todos têm suas experiências estéticas
Estava eu a navegar pelo mundo da blogosfera quando me deparo com uma resenha do livro In Praise of Athletic Beauty, em português seria algo como Elogio à Beleza Atlética, escrito pelo professor de literatura da Universidade de Stanford, Hans Ulrich Gumbrecht(na foto) e editado pela Harvard University Press. É uma joia rara que tenho que dividir convosco e agradecer ao anônimo escrevinhador do blogue lusitano A Causa Foi Modificada. Valeu CPLPano anônimo, muitos obrigadinhos a tu.
Para quem ler textos e escutar rádios em inglês, aqui um punhadinho de boas indicações: escutem uma entrevista com o autor, dada ao sítio Philosophy Talk; e, há também um programa da BBC Rádio 3 em que entrevista o Professor Night Waves do dia 2 de Junho de 2006, antes entrevistam uma Diretora de Teatro inglesa que trabalhou um pouco nas favelas cariocas; ou leiam a crítica The art of sport, publicada no The Boston Globe; e, diretamente, a resenha que a portuguesa ou português publicou, que foi feita pelo estudioso da mente Sr. O'Brien.
Espero ler este livro, mas o que pude perceber de início é que o alemão defende que o futebol não é só pão e circo, coloca que há uma beleza íncita aos jogos desportivos. Pois, muitos estudiosos que se consideram donos da verdade não crêem que há algo esteticamente elevado, nobre, dentro de um campo de futebol. O belo relevante para os doutores é observado nas pinturas, nas sinfonias e congêneres que são eleitos como cânones artísticos e mas nada. Esportes, para os doutos, só dos gregos antigos, no máximo.
O germânico funda seu ponto de vista argumentando com outro alemão, Kant. Este crê que o belo deve ter um sentido, uma intenção, subjacente e, portanto, vinculado a algum objetivo maior que daria legitimidade estética ao objeto valorado. O autor coloca que o belo tem, simplesmente, a função de sê-lo e, deste modo, não precisa de maiores justificativas. Algo que toca o seu coração é belo e pronto.
É engraçado, as artes,a algum tempo, são um autêntico samba do crioulo doido, todas as obras vêm de experiências subjetivíssimas de cada artísta, quando não inconscientes, e ninguém pode falar o que não é arte. Não há parâmetros claros. Contudo, essa liberdade estética que é dada aos artistas não é estendida aos boleiros, por exemplo, sem maiores explicações.
O professor ainda coloca que quando uma grande coletividade reconhece algo como belo e superior, deve-se respeitar a capacidade de julgamento dos milhões que a fizeram. Não é uma simples conquista de título que é considerada nesse caso, é aquela conquista rara que só é observada poucas vezes em uma vida. O gol do Basílio que tirou o Corinthians da fila tem uma dimensão muito diferente que outros campeonatos que esse time ganhou. Vejam, mesmo a Copa de 94 tem sobre ela toda carga histórica das outras conquistas brasileiras que a seleção do Parreira não conseguiu superar ou se igualar. Um padrão de belo já foi estabelecido no futebol brasileiro que influencia as espectativas dos torcedores e o jeito de jogar de nossos atletas.
Afinal, para alguém me provar que isto não é bão vai ser difícil:
Mas podem continuar tendando, de hoje em diante, tenho aliado dentro das linhas inimigas.
Abraços,
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