Na entressafra dos campeonatos, não resta muito de atual para falar sobre o melhor esporte bretão. O troca-troca de clubes que os jogadores passam é só o que resta.
A antiga lei do passe era uma escravidão envergonhada que não tinha coragem de assumir os ferrolhos que punham nos jogadores. Era um absurdo que eu fui contemporâneo durante minha adolescência. Todo mundo tem de ter a possibilidade de mudar de emprego se alguém lhe oferece um salário maior.
Há, aqui e ali, entre cartolas e jornalistas, ressentidos saudosistas que falam que o fim do passe acabou com o futebol brasileiro. Os craques identificados com os clubes se perderam com o fim dessa lei. É pura incompetência. Ou melhor, é só mais um reflexo do espírito pré-capitalista que ainda vigora aqui. Seria mais uma manifestação da mentalidade mercatilista que os lusos nos deixaram. A liberdade para comerciar, produzir e investir não é a tônica. O importante é o monopólio, a restrição e o controle da circulação dos bens.
Para quem acha que não há luz no final do túnel, os muito melhores estadunidenses conseguiram criar a identificação entre time, desportista e torcida. De cabeça, lembro do Michael Jordan e o Chicago Bulls, por volta de uma década, acho, juntos. O melhor, tudo contratado com liberdade. Ou seja, tem como, só falta é competência entre os brasileiros para tanto.
Eu sei que essa utopia de um Brasileirão forte, com craques e vendido para o Mundo todo vai ser difícil. Pode muito bem não ser vista por mim nesta vida.
Então, fico com a vaca-fria das mudanças de clubes que causam fortes emoções nos torcedores brasileiros.
Após as conquistas dos títulos da Libertadores e do Mundial, o time do Inter perdeu e, parece, perderá parte boa de seus craques. A chegada do ex-goleiro da Ponte já causou comentários entre os corinthianos.
Mas, para além de quem realmente vai ou fica, é interessante ver que as fofocas falam muita coisa sobre quem as propalam. Quantos torcedores do São Paulo não dizem por ai que escutaram que o Mineiro vai ficar. Toda hora escuto algo do gênero:
-- Dessa vez é certo, o cara (o Mineiro) fechou mesmo com o Tricolor!
Se ele vai ou não ficar, é um problema dele. Acho que ele deveria ir pro Japão ou prá Europa fazer um pé-de-meia. Fica lá uns três ou quatro anos, não gastando tudo que ganha, dá para juntar alguns milhões de reais e viver de renda. Um milhão de reais, a 1 por cento ao mês dá R$ 10.000,00 de rendimento. Ele consegue mais do unzinho, creio.
Como a minha bola de cristal está emprestada, não sei se o melhor do Brasileirão 06 vai ou fica. Mas, com certeza, os são-paulinos querem que o cara fique. Mesmo que seja só inconscientemente, como eu.
Abraços,
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