sábado, maio 05, 2007

Quem será campeão do mundo antes, México ou Venezuela?

Chavão faz parte do futebol. Alguns são criados nas transmissões esportivas sem qualquer lógica e transformam-se em dogmas. Os torcedores recebem a nova informação e a retransmitem sem ao menos refletir sobre seu conteúdo.

Um exemplo recente. “O futebol mexicano evoluiu muito. A cada torneio avança uma fase”. Isto vale para Copa do Mundo, Copa América e Libertadores. Nada mais mentiroso.
O México chegou às quartas de final na Copa de 86 e foi eliminado pela Alemanha nos pênaltis. De lá para cá, o México nunca mais foi tão longe numa Copa do Mundo. Em 1990, não disputou devido a uma punição. Nas demais, foi eliminado nas oitavas de final por Bulgária (1994), Alemanha (1998), Estados Unidos (2002) e Argentina (2006).

A Copa América também não serve como exemplo. Logo em sua estréia, no Equador em 1993, o México foi vice-campeão. Chegou outra vez à final no combalido torneio de 2001, que contou com Honduras no lugar da Argentina. Os mexicanos chegaram às semi-finais em algumas vezes, mas parece muito pouco para uma competição que tem apenas 12 seleções.

Se fosse verdadeira a frase, o México teria comemorado o título da Copa América no Uruguai em 1995 e conquistado a Copa do Mundo...

Na Libertadores, toda vez que um time brasileiro enfrenta um mexicano, propaga-se a história de que o México a cada competição avança uma fase. Os times mexicanos estrearam em 2000. Na edição seguinte, o Cruz Azul foi vice-campeão. Desde então, nenhum time mexicano chegou à final. É verdade que o Pachuca foi campeão da Copa Sul-americana, mas isto não é prova da regra.
Este chavão foi criado porque, nos últimos anos, a seleção brasileira virou “freguês” da mexicana. Os ufanistas de plantão lançam o chavão para dizer que o México não é mais o bobo de outrora. Mas não precisavam estabelecer um dogma abusurdo para explicar a evolução do futebol mexicano, mesmo porque outros países do continente evoluíram de forma mais consistente, como Estados Unidos, Equador e Venezuela, este último um verdadeiro exemplo de como o futebol muda.

Até o início dos anos 90, a seleção venezuelana sequer tinha marcado um gol na brasileira. Pior, em toda história da Copa do Mundo, só conseguira uma vitória em jogos das Eliminatórias. Tudo mudou após as eliminatórias para a Copa de 1998, quando o tradicional saco de pancadas foi, pela última vez, o pior time. Nas eliminatórias para a Copa de 2002, a Venezuela começou apanhando como sempre. Contudo, reagiu surpreendente no segundo turno, obtendo quatro vitórias seguidas sobre Uruguai, Chile, Peru e Paraguai e entregando a lanterna para o Chile. Na última edição, a Venezuela avançou mais uma posição, terminando na frente de Peru e Bolívia e disputando uma vaga na Copa até as últimas rodadas. Na Libertadores, o Caracas desclassificou o River Plate, para a alegria do Sidarta.

A Venezuela, efetivamente, avança um pouco a cada competição. Após os resultados do Caracas na primeira fase, não seria absurdo imagina-lo nas semi-finais, embora seja difícil vencer o Santos na Vila. Além disso, a Copa América será disputada pela primeira vez na Venezuela. Logo, é o futebol venezuelano que avança a cada torneio, não o mexicano.

Se fosse possível estabelecer uma regra lógica, a Venezuela estaria mais próxima de conquistar a Copa do Mundo do que um time mexicano vencer a Libertadores.

4 comentários:

Marco disse...

Também acho que o futebol mexicano não está com essa bola toda...
Bom final de semana. Carpe Diem. aproveite o dia e a vida.

Anônimo disse...

Definiu bem um chavão que muitos jornalistas utilizam e que na realidade são desmentidos com dados analisados como você acaba de fazer!Parabens. Abraço te aguardo no Pitacos.

Anônimo disse...

De qualquer forma vale lembrar que a atual edição da Libertadores conta com 3 times mexicanos nas oitavas, superando até mesmo os tradicionais argentinos...Só nós os brazucas temos mais representantes no momento.
Concordo que o Mexico não é tudo isso que o Galvão Bueno gosta de falar, mas tem chegado com força na Libertadores.
Temos o exemplo do Necaxa que quase deixa o SP preso na primeira fase e acabou abocanhando o primeiro lugar do grupo.
Em relação ao Caracas e o River, sejamos sinceros...o time do Monumental de Nuñez está uma verdadeira draga...só comparada a nossa versão nacional; o curintia.

Sidarta Martins disse...

Mas, ainda bem, o futebol não é 200% lógico..rs...