terça-feira, setembro 11, 2007

Fio da Mavalha Tricolor

Ontem, ao escrever sobre o lado futebolístico do feriadão, percebi que o segredo do São Paulo Futebol Clube é não ter um Kaká em campo. Não planejo os meus textos como o Márcio costuma fazê-lo com os dele. Aliás, esta é uma das grandes diferenças entre ele, escritor, e eu, um simples escrevinhador. Se também gostar de literatura, dê uma olhada no talento literário do rapaz: Sem Cesura.

De volta ao gramado, a fórmula tricolor é ser obreiro e ter um pouco de sorte. Lá no Mundial de 2006 já dava pra ver este quadro: gol do volante, retranca forte e com sorte e tem o craque no goleiro-artilheiro.


Goleiro-artilheiro pode ser a fórmula que o futebol brasileiro conseguiu para manter a sua identidade. Quando era pequeno, via aos gols de falta do Zico. Já era meio-gol. Hoje, o 10 que faz isto joga lá fora a muito tempo. Só com um goleiro, o nosso futebol-arte conseguiu manter este tipo de talento em terras brasileiras. É a luta pela darwiniana sobrevivência pura e simplesmente.

Pois, quanto mais jovem se sai de uma cultura para viver em outra, menos se guarda da terra natal e mais se usa dos costumes do local que recebe. Com o futebol não há nada para ser diverso. Mas, por mais que os nossos atacantes aprendam a fechar o meio-campo, eles ainda são jogadores brasileiros. Até o Kaká de hoje, quando parte pra cima das defesas, ainda é o mesmo que jogou no SPFC no essencial pelo menos.

Ou seja, o nosso futebol tem força para se manter com os jogadores que restaram por aqui e nos craques que jogam lá. Não é outra força que sustenta o eterno favoritismo brasileiro nas Copas.

Muitos dizem que o Tricolor é uma retranca.

Não é um absurdo chegar a esta conclusão diante dos números sãopaulinos. Mas, penso, que futebol não é um esporte estatístico como o basquete. Se um equipe pega mais rebotes, ganha nos bloqueios e tem a mesma eficiência e posse de bola, não é absurdo deduzir que ganhou a partida de bola ao cesto.

Mas futebol, especialmente uma partida de futebol, não é reduzível aos números como a Rede Bobo tenta, por anos a fio, fazer com que os brasileiros acreditem.

No jogo último SPFC e Vasco, por exemplo, os de São Januário dominaram o 1o tempo e meteram duas na trave. Mas no segundo, o SPFC saiu pro jogo, não ficou na retranca. Quem tem dois atacantes, dois meias ofensivos, sempre um lateral descendo e um volante no apoio não pode ser considerado um time retranqueiro. São seis de dez lá na região da grande área.

Cadê a defesa aberta que foi pega num contra-ataque no 1o gol?

Só porque é bom na defesa não dá para sofismar e dizer que não é bom no ataque. Não tem um setor ofensivo tão bom quanto o ofensivo, mas não joga como aqueles times de Copa do Mundo ou Libertadores que só dois ou três passam da intermediária. E este é o segredo último. Um bom zagueiro demora mais a sair que um bom atacante de nível técnico equivalente. Eles têm muitos brucutus por lá e não precisam dos nossos.

Por isto tudo, digo que é um tremendo fio de navalha o futebol que o SPFC joga. Se o, por exemplo, Dagol começar a marcar muito, o time será armado em função dele e logo será vendido. O Muricy não pode deixar que os jogadores pensem que são bons de bola. Pois, o Souza, todo mundo sabe, é o Souza e não um Deco no final do dia. Caso não tenha gostado da citação do Darwin, quem sabe o Adam Smith sirva.

Abraços,

4 comentários:

Daniel F. Silva disse...

O tal Mundial não foi em 2005?

Vinicius Grissi disse...

O SP não é uma retranca. É um time muito bem armado, onde ninguém tem vergonha de marcar, muito pelo contrário.

O time que marca mais, toma mais a bola, logo fica com ela mais tempo, e tem mais chances de vencer.

Ricky_cord disse...

Rogério Ceni tem uma impressionante média de golos marcados e até custa a entender porque nunca saiu do Brasil.

Anônimo disse...

Rogério Ceni nunca saiu do Brasil pq os times de lá, ao contrário do torcedor sãopaulino de memória curta, não se esquecem da pataquada que ele fez com uma "proposta" do Arsenal uns anos atrás...