quarta-feira, dezembro 26, 2007

O Divino e o divinizado

Assisti ontem ao documentário Um craque chamado Divino.
Já escrevi certa vez por aqui sobre Ademir, o falso-lento. O craque de poucas palavras. Algo como Riquelme.
Mas, ao ver o filme, uma pergunta voltou à minha cabeça: por que divinizam tanto Zagallo?
Devemos a ele, com certeza, as derrotas de 74 e 98. Parte ao seu preparo (por desconhecer Cruijf e Zidane), parte por suas convicções (Ademir, Romário e Edmundo).
As que ele ganhou, viriam sem ele: seja com Canhoteiro, com Pepe ou Saldanha.
Deixemos fora da lista a despreparação para 2006.
Seus defensores, principalmente o próprio, insistem naquela que parece ser a única nota na cantilena de Zagallo: o recuo do ponta-esquerda.
Ali está mascarada a trajetória do meia razoável que se transformou em ponta mediano.
Para se ter uma idéia da diferença que faz ser um bom jogador, basta tirar Zagallo e colocar Rivellino para fazer a mesma função.
Ademir foi apenas mais uma das grandes apostas de Zagallo. As apostas que fazia com a verdade. Deixar Ademir de fora foi uma temeridade perpetrada por aquele mesmo que defendia Elivélton como titular da seleção quando Telê já o punha como reserva do São Paulo.
Ou então daquele que, depois de Muller ter feito uma de suas melhores partidas pela seleção, antes da Copa de 98, disse que o atacante não havia feito o que pedira.
Mas ele ainda tem seus fãs. Quem ainda engole?

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