domingo, maio 20, 2012

O fim de certa história

Ontem a história do futebol sepultou o último resquício do modelo do século XX.
O clubismo, o apego à camisa e a tradição perderam muito.
Com a vitória do Chelsea sobre o Bayern, não há mais motivos para um torcedor se jactar. Nem a história, nem a torcida, nem a audiência da tevê.
Com a ascensão consolidada de Manchester City e Chelsea, nada disso importa mais.
Para quem não lembra, quando Abramovich começou a depositar dinheiro no Chelsea, a analogia feita pela imprensa daqui era "o clube é uma espécie de Portuguesa londrina". Tratava-se, pois, de um clube antigo, com torcida pequena e com poucos sucessos, todos perdidos no tempo.
O Manchester City não difere muito. Era um América. Qualquer América.
Mas gente endinheirada resolveu se divertir e mostrar o poder de sua grana. E escolheram clubes pequenos, pois eram mais dóceis ao controle e porque os grandes já flertavam com outros "mecenas".
E, é preciso ter atenção com este detalhe, o ressurgimento desses clubes não foi consequência de uma geração talentosa de atletas formados em casa ou de um bom gerenciamento. O que os ergue foi simplesmente o dinheiro do petróleo.
A leitura é simples: é fácil comprar uma torcida e fazer uma nova história.
A consequência não é apenas o crescimento de times pequenos. Com o êxito da empreitada do dinheiro russo, os grandes por tradição deverão se adequar a uma nova realidade que não se interessa muito por história. Hoje, Liverpool e Manchester United são presididos por norte-americanos.
E a Liga da terra da rainha é exemplo de profissionalismo. Ao menos, é o que diz a crítica especializada.
O futebol, empreendimento perdulário, vai se tornando apenas mais uma empresa.
Esperemos o dia em que Corinthians, Flamengo, São Paulo, Vasco e outros clubes de grande torcida serão substituídos pelos times de Eike, Diniz, Ermírio e outros tais quais.

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