terça-feira, maio 01, 2012

Quem tem medo de Fábio Simplício?

A cena deve ser de conhecimento do leitor: em rodada do final de semana, Fábio Simplício faz o gol do empate da Roma nos últimos minutos da partida e, entusiasmado, corre até as tribunas para beijar a esposa; o árbitro, pouco afeito a romantismos, pune o jogador com cartão amarelo.
O acontecimento poderia levar a uma reflexão acerca do amargor dos árbitros. Eles não podem ver uma comemoração, pois logo a punem. E são mais rigorosos com isso do que com a violência. Parece ser algum tipo de inveja - coisa que os psicólogos poderiam explicar.
Mas a questão não é bem essa. A questão é o próprio jogador. Ou melhor, o jogador brasileiro.
Simplício surgiu no São Paulo na mesma geração de Fábio Aurélio e Júlio Baptista. Geração que vem depois daquela do Corinthians que trazia Edu Gaspar e Sylvinho.
E o que há em comum entre todos eles é o fato de atuarem (ou terem atuado) na Europa há quase uma década na Europa. Ou mais, no caso de Fábio Aurélio.
E reparando bem, o leitor verá que nenhum deles é ou era um jogador excepcional. Estão todos abaixo, por exemplo, de Alex e Kaká, meias que também estão lá fora.
A primeira coisa a trazer estranheza é que eles nunca sentiram a "falta do feijão". Jogaram, respeitaram seus contratos e foram respeitados. E assim mostraram que a vontade pode suprir ou reforçar um talento.
A segunda constatação é que seus antecessores, após uma década ou mais de Europa, retornam e fazem sucesso por aqui. Ronaldo, Roberto Carlos, Juninho, Assunção. O que parece deixar claro que o nível do ludopédio praticado em nossos campos não é o que os ufanistas tentam fazer crer.
O que mais intriga, entretanto, é o caso específico de Fábio Simplício. Espécie de patinho feio de sua geração, ele acumula boas passagens por times médios da Itália (Parma, Palermo, Roma) e deixou de ser o voltante típico. Lá na Bota, joga praticamente como meia. Mudança parecida, aliás, com a que ocorreu com seu colega Júlio Batista.
E, assim, chega-se à pergunta: o sucesso nessa mudança se deve à falta de qualidade dos europeus ou à visão do técnico?
Tendo em vista o nível do futebol desenvolvido por aqui - marcado por chutões e correria - é bem mais provável que a resposta seja a ousadia do treinador.
Basta colocar de outra forma. Se continuasse no Brasil, que "professor" teria coragem de escalar Simplício como meia ou Baptista de centroavante?
Tivesse ficado por aqui, o jogador da Roma teria rodado por vários clubes e engrossado as listas de volantes marcadores medianos que povoam nossos campeonatos.
Simplício é um caso em que se pode dizer, legitimamente, que a transferência para o Velho Mundo trouxe crescimento profissional.

Um comentário:

Pedro Caldas disse...

A visão limitada do treinador brasileiro me irrita cada vez mais.
Engraçado o Simplício não aparecer nas convocações de Mano Menezes.

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