segunda-feira, julho 09, 2012

Num domingo

Ontem, por breves momentos, o mundo pareceu ter gosto pela normalidade. No mínimo, a uma ideia de normalidade: àquela que pretende nos fazer crer que o silêncio e a discrição podem mais do que o berro e o alarde, que a elegância triunfa sobre a empáfia.
Pareceu que o tempo fosse condescendente para com os gênios, evitando que jovens vigorosos possam, pela repetição mecânica dos procedimentos, suplantar a excelência entregue ao cansaço.
Sim, porque não deve ser fácil à perfeição, já envelhecida, exibir-se aos olhos obnubilados pela novidade. Deve ser difícil fazer entender que a necessidade de apontar um dedo para um possível artista superior já faz desacreditar a própria superioridade - e, muitas vezes, reduz à arte a um amontoado de regras.
É certo, contudo, que a brevidade do instante será vencida e o fluxo do tempo retomará seu caminho, saudando o barulho, a descortesia, a afronta.
Apesar da pontualidade da concessão, o átimo terá servido para a admiração dos desenganados e deslumbramento dos iludidos.




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