quinta-feira, julho 05, 2012

O Novo Campeão da América

Há uma frase da sabedoria popular que dá conta de que "a gente só dá valor quando perde". Não se pode negar que haja boa recorrência de exemplos que confirmam o que o olho arguto do povo percebeu.
Contudo, existe uma fábula, já bastante repetida, em que se destaca uma fala: "As uvas estavam verdes".
Em casos como o da velha raposa de Esopo, a valorização vem com a conquista.
Pode ser o caso da vitória corinthiana ontem. Vencendo a Libertadores, o Corinthians deu alegria à sua torcida e redimensionou, dentro da própria história, o sentido da conquista continental.
Já escrevi por aqui acerca do espírito belicoso do futebol e da preocupação com a derrota dos rivais, muitas vezes maior do que com o próprio êxito. Dessa inspiração, nasce o fato de que além de não saber perder, muita gente não sabe ganhar.
Se ano passado, alguns santistas se preocuparam mais com o Corinthians do que com o próprio e belo time, agora há os que preferem dedicar o título aos "anti" do que sentir o gosto da conquista. É possível que sejam os mesmos que se sentiram incomodados com a "lembrança" em 2011. Ou os que dividiram a própria camisa com a do Boca Juniors em 2000. Entre a coerência e o rancor, o segundo tem mais público.
Não é segredo para o leitor do blogue, a preferência deste digitador pelo São Paulo. Como também não é segredo a opção de, na ausência do Tricolor, torcer para o time mais próximo. Nesta quinta, por exemplo, torcerei para o Palmeiras. E, esclareça-se, não conheço nenhum verdadeiro xeneize.
Então, chega-se a um ponto fundamental: a vitória do outro pode valorizar a sua. Lembro que, ano passado, alguns tricolores torciam contra o Santos para que não fosse "igualado" o tricampeonato. Talvez escapasse a eles o fato de que ter o mesmo número de títulos de um clube com a história do Santos não é demérito para ninguém. E, mais do que isso, uma derrota do Santos nada faria pela história do São Paulo.
A vitória corinthiana pode fazer com que o santista, o palmeirense e o são-paulino revejam na alegria do vizinho a dimensão de suas conquistas passadas.
E o leitor torcedor de outro time provavelmente conhece um corinthiano que merece sentir o contentamento já experimentado por ele, leitor, em outras oportunidades com seu time. Há corinthianos chatos e intolerantes? Há. Mas também há exemplares assim nas outras torcidas. A estupidez não escolhe camisa.
Com a vitória santista, publiquei ano passado uma saudação à conquista praiana.
Hoje quem merece a saudação é outro torcedor alvinegro. Parabéns ao Corinthians! Por essa conquista que o corinthiano quis tanto. Parabéns por ter neste ano o controle que outras equipes mais estreladas (2000, 2003 e 2006, por exemplo) não tiveram.
Parabéns ao trabalho de Tite, que venceu a desconfiança de seus torcedores. E que, após perder o Brasileiro de 2010, conseguiu duas conquistas na sequência. Trajetória parecida, por exemplo, com o que Telê fez de 1990 a 1992 no São Paulo. Ou seja, algo que definitivamente não é pouco.
O leitor corinthiano pode falar agora - e palmeirenses, santistas e são-paulinos - não haverão de discordar: Ganhar a Libertadores é muito bom!

Um comentário:

Anônimo disse...

E isso ai escritor. Agora a taça Libertadores para desgosto de muitos que preferiam a propria morte ou a chegada do armagedon, mas insinuavam que esse glorioso dia jamais chegaria, repousa resplendorosa na ZL.