segunda-feira, agosto 13, 2012

As imagens das derrotas

Imagine uma geração brilhante, considerada das melhores da história do país no esporte.
Imagine, então, que essa geração vá disputar os Jogos Olímpicos na condição de favorita ao ouro.
Há, sim, problemas físicos com alguns jogadores, mas eles são importantes para o elenco e podem ter boas atuações. (Saberemos depois que as atuações serão poucas e frustrantes)
A caminhada até a final é cumprida. O favoritismo parece se confirmar.
Mas, no último jogo, o técnico adversário surpreende o nosso elenco – treinador e atletas. Nossa prestigiosa geração fica com um segundo lugar.
Isso aconteceu, o leitor sabe. E duas vezes: no sábado e no domingo.
“Mas”, dirão alguns, “não há comparação entre o futebol do México e o vôlei da Rússia”.
Provavelmente, não. Mas o futebol olímpico mexicano era tão vitorioso quanto o nosso. Além disso, o histórico recente do confronto traz até alguma vantagem aos conterrâneos do Seu Madruga.
Mas – ficando no vôlei – por que, em 2004, as mulheres do vôlei foram chamadas de “amarelonas” e os homens de ontem receberam os parabéns?
Acaso Rússia e Cuba não têm a devida tradição no voleibol feminino?
Outros falarão de apoio e planejamento.
Não recebe o vôlei – há duas décadas – investimento pesado do Banco do Brasil, tanto no masculino quanto no feminino?
Por que apenas a seleção feminina é cobrada em seus insucessos?
Alguns, ainda, levantarão a bola da troca de gerações. Quatro anos depois, apenas seis campeãs olímpicas se sagraram bi. No elenco masculino, cinco estavam em 2004 – oito anos antes.
Por que, em 2004, Mari - a mais nova do time – foi cobrada? E por que, em 2008, Giba e Ricardinho são saudados na condição de “auxiliares técnicos” se foram convocados como jogadores?
Provavelmente todos dirão que não, mas parece haver uma diferença na abordagem do fracasso masculino em relação ao feminino, e do esporte de condomínio em relação ao popular.
Será isso?
Deve haver alguém em algum canto que estude a recepção da derrota e suas razões.

Um comentário:

Pedro Caldas disse...

É preciso dizer, também, que a seleção de vôlei esteve entre as melhores em Olimpíadas quase sempre. A prata não é demérito. O time tava sem Vissoto e Dante estava capenga. O Giba não conseguiu entrar no jogo. Tudo conspirava a favor da Rússia, depois do 3º set. Não foi só o aspecto psicológico que pesou, foi a falta de organização no ataque e péssima recepção que fizeram o Brasil perder três set seguidos. O mundo não acaba este ano. Ainda veremos essa seleção ganhar muitos ouros. Eles não pipocaram e nem se desesperaram. Apenas não conseguiram voltar para a partida depois da perda do terceiro set. Investimentos pesados? Não seja por isso, os EUA caíram nas quartas para a Itália, que foi destruída pelo Brasil. Alguém investe em vôlei mais que os EUA? Acredito que não. Assim é o esporte. O Brasil não estava preparado para ganhar este ouro. Transformou um jogo fácil em uma tragédia. O vôlei brasileiro é exemplo para todas as modalidades esportivas do país.