sexta-feira, dezembro 29, 2006

No andar de baixo

O Joãozinho 30 disse que quem gosta de pobreza é intelectual chato. Acho que ele tem razão. Também penso que nunca vou conquistar milhares de leitores. Eu tenho um quê de intelectualóide que deve ser bem chato.

De qualquer forma, tem um causo que meu pai presenciou. Ele gosta de contar e eu vou dividir com vocês. Natal, ano novo, família, é ocasião propícia para esse tipo de história. Os corações dos católicos deveriam estar mais abertos ao sofrimento dos outros Filhos de Deus.

Num bar aqui perto da casa de meus pais, em Rio Claro, interior de São Paulo, chegou um cara e chamou o dono do estabelecimento. Pediu ao proprietário que cinco rapazes, que iriam fazer teste no Velo Club, começem uns pães com mortadela e tomasse refrigerante numa das mesas.

Os produtos tinha sido adquiridos na padaria do outro lado rua. Não haveria lucro nenhum ao dono. Muito pelo contrário. No entanto, foi permitido que os rapazes se sentanssem numa mesa com pratos e copos do boteco.

Meu pai viu toda a cena e ficou impressionado com o fato de que os jovens, que iriam participar da peneira futebolística duas horas adiante, ainda não tinham almoçado, já eram 6 ou 7 da noite. Façam uma abstração para o resto do País do Futebol e pensem em quanta gente pastando pode haver por ai, lutando por um lugar razoável ao sol.

O Bar não existe mais. O Clube também está ruim das pernas. Acho que o Velo, que já disputou a primeira do paulistão no final dos anos setenta, vai jogar o amadorsão rioclarense. Esse time tem uma origem peculiar. Chama-se Velo porque era um clube de ciclismo. Onde hoje é um respeitável estádio era um velódromo. Parece-me que foi fruto de imigrantes alemães.

Como muitas culturas que se dissolveram na brasileira, aqui em Rio Claro, os descendentes dos imigrantes só cuidam de irem atrás de uma dupla-nacionalidade. São brasileiros no resto.

Abraços,

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