sábado, julho 24, 2010

O que muda?

Com Muricy, a Seleção ganharia o técnico com maior número de boas qualidades desde Telê Santana. Com o detalhe de que, se se igualam em seriedade e dedicação, Muricy chegaria ao escrete nacional com mais títulos e com mais conhecimentos táticos.
Telê era um homem de seu tempo e, como tal, partilhava de um certo amadorismo comum aos treinadores de então. Telê era o pai, o seo Telê.
Muricy, por sua vez, é da turma dos números, é um professor.
A Seleção ganharia com Muricy ética e empenho ("aqui é trabalho, meu filho!"), mas a autonomia do treinador não seria a mesma que teve no São Paulo e no Internacional. Além disso, é difícil imaginar concessões suas a outros interesses: os marqueteiros teriam muito trabalho para tornar seu mau humor palatável em anúncios de bancos e automóveis.
Com Mano, a Seleção volta a um estágio parecido com o de 2006. Sai a rudeza de Dunga, entra o pernosticismo de Mano.
Se Muricy e Dunga não sabem perder, Mano não sabe ganhar. Basta lembrar suas entrevistas ridicularizando o próprio Muricy no Paulistinha de 2009.
Se Dunga era questionado por sua inexperiência, Mano é sobrestimado em seus resultados.
Tirando a Segunda Divisão (obrigação cumprida com Grêmio e Corinthians) e o Estadual (torneio de dois ou quatro times), suas maiores conquistas foram um vice da Libertadores e uma Copa do Brasil. Ressalte-se que, na tal Copa e no Estadual de 2009, o êxito passou decisivamente pela vontade de Ronaldo, que, depois de se desentender com o comandante, demora a voltar.
Assim, seu currículo é parecido com o de Renato Gaúcho, com a vantagem para este de saber há muito tempo o que é uma time nacional.
Com a Seleção, Mano ganha um cargo que, embora seja do tamanho de algumas vaidades, hoje já não tem a mesma força, e troca a idolatria corinthiana pela exposição geral em amistosos caça-níqueis.
Com Mano, a CBF mantém o controle que tinha sobre Dunga.

Um comentário:

Thiago disse...

Tudo bem que o Muricy aprendeu tudo que sabe com o Telê, só que a habilidade de lidar com o aspecto psicológico dos jogadores ele não herdou. O que, na minha opinião, faz dele menos técnico que o Felipão. Se o ânimo dos jogadores fosse irrelevante, jogar fora seria a mesma coisa que jogar em casa...