sexta-feira, dezembro 02, 2011

Amolação e emulação

Com a proximidade do desfecho do Campeonato Brasileiro, salpicam nas chamadas redes sociais manifestações em prol do Corinthians, por parte de seus asseclas, e a favor do Vasco da Gama, vindas torcedores de outros times.
Na mídia, alguns colunistas respeitáveis falam em certo anticorinthianismo. Argumentam que o provável campeão brasileiro seria uma ideia fixa de seus rivais, verdadeira obsessão. Citam, por exemplo, o fato de torcedores santistas terem se dirigido ao arquirrival quando da conquista recente da Libertadores, atitude até repetida por um jornal popular.
Infelizmente a memória do torcedor é seletiva: prefere reclamar de quando é vidraça a lembrar de quando foi pedra.
O futebol, como a vida, é cíclico. Várias cenas se repetem, trocando-se apenas atores.
Para ficar só no estado de São Paulo, basta ter em mente que o ano de 2003 do corinthiano foi tão focado no rival como o de 2008 para o palmeirense. E qual dos dois não torce por um rebaixamento de Santos ou São Paulo?
Os fogos que explodiram na capital paulista na derrota do Corinthians na Copa do Brasil em 2008 não foram lançados por torcedores do Sport, como também não eram de adeptos do Fluminense aqueles que ressoaram na eliminação do São Paulo na Libertadores do mesmo ano. A atitude dos santistas nesta temporada é parecida ao comentário (repetido até hoje por alguns torcedores) de que apenas o Corinthians é campeão mundial reconhecido pela Fifa: o desprezo ao rival por aquilo que ele não tem.
Em resumo, essa animosidade é oriunda do próprio sentimento de exclusividade que a adesão a uma causa provoca: todos estão errados, exceto eu e os meus. Infelizmente essa atitude um tanto irrefletida é regra num ambiente passional como o futebol.
Os alvos mudam de tempos em tempos, de acordo com as circunstâncias (títulos, exposição na mídia, carisma ou falta de empatia de dirigentes e atletas). Normalmente, o êxito, ou a expectativa dele, é o suficiente para atrair a atitude invejosa dos adversários. O Santos, por exemplo, pode hoje atrair os olhares que historicamente seriam do Palmeiras.
É o eterno conflito do Eu com o(s) Outro(s),a inveja (boa ou má) do sucesso alheio, a velha emulação.
O resto é amolação.

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