segunda-feira, junho 04, 2012

Os fatos de um amistoso

A verdade é uma: a Seleção não atrai a atenção de ninguém. Nem o respeito.
Ninguém mais liga o televisor para saber a convocação de Mano, todos prefeririam ver um jogo de seu time no lugar de uma peleja do escrete nacional contra a seleção da Dinamarca.
O que vale uma partida amistosa? Nada. O que revela? Algumas coisas. A primeira delas é que a Seleção Brasileira tem medo de se exibir em seu país. Talvez porque não tenha muito para mostrar. O principal atrativo da seleção, Neymar, já é bastante exposto por aqui e, diga-se, rende muito mais em seu clube.
Muitos dirão que a escolha é econômica ou para satisfazer os clubes europeus que cedem seus jogadores. Se forem estes os critérios, o erro é ainda mais injustificado. Primeiro, porque os campeonatos do Velho Mundo estão encerrados; segundo porque o torcedor já está acostumado a pagar uma fortuna para ver a seleção.
O que acontece é que a Seleção só joga por aqui na boa (Despedida de Ronaldo, por exemplo) ou quando é obrigada (Eliminatórias).
Outro fato que um amistoso revela é a mediocridade geral. O futebol se apresenta num modelo industrial, com times moldados em fábrica; há pouca coisa que diferencie a "mercadoria" de uma equipe da de outra.
Como equipes nacionais, Holanda, Alemanha e Espanha estão mais próximas de apresentar o que é realmente um time de futebol. O selecionado brasileiro é um ajuntamento. A escalação de ontem: Rafael; Danilo, Thiago Silva, Juan e Marcelo; Sandro, Rômulo e Oscar; Hulk, Neymar e Damião.
O fato de Rafael ser o melhor goleiro do país, aos 22 anos, evidencia a carência da posição. É provável que Jéferson seja o único arqueiro em atividade no Brasil que possa lhe fazer frente. Segue-se o drama das laterais; escolhe-se por exclusão. Na zaga, Thiago Silva se ressente da ausência de um companheiro confiável. Do meio para frente, nomes que brilham por aqui, mas que não causaram medo ao time mexicano (motivo para reavaliações?).
O amistoso, quando perdido, valoriza sobremaneira os ausentes. Pontos, portanto, para Ganso e David Luiz.
Individualmente, há poucos jogadores no futebol mundial que realmente consigam mudar uma partida e que o façam com certa frequência. Para além dos óbvios Messi e Cristiano Ronaldo, o que sobra? Em âmbito doméstico, Neymar, Damião e - vá lá - Deco, quando joga.
O ideal é fazer um esquema de jogo coletivo que funcione bem (uma máquina) e enriquecê-lo com o talento de virtuoses. Isso é o que torcedor brasileiro espera. Aquele torcedor acostumado a ouvir que temos os melhores jogadores do mundo. É preciso avisá-lo de que os fatos revelam que isso não é verdade.

Um comentário:

Anônimo disse...

A medalha tá garantida, Mano!

Sidarta