terça-feira, maio 13, 2008

O momento do gol

Antigamente, o gol era coletivo. Marcamos, vencemos. O jogador balançava a rede e ia comemorar com seus companheiros. Até o final da década de 80, época de ridículos shorts e camisas de flanela, existia um padrão: o jogador marcava o gol e agradecia àquele que lhe deu o passe.

O tempo passou e as coisas mudaram. O jogador não ligava mais para seus companheiros, também fundamentais na construção do gol. Ele pulava as placas de publicidade e ia comemorar com a torcida. Dava mais popularidade, afinal, comemorar com dezenas de milhares do que com outros três ou quatro.

Mas não era suficiente e, mais uma vez, o padrão se alterou. São tantas câmeras em campo que sempre há uma próxima o suficiente da linha de fundo. O artilheiro podia, enfim, permanecer alheio a tudo o que acontecia em campo para comemorar com a televisão, mandar um beijo para sua esposa e ignorar seus companheiros que pulavam em suas costas na frente do cinegrafista.

O que vimos no último jogo do Flamengo, contra o Santos com o Maracanã vazio, foi a recuperação de um sentimento que há muito parecia perdido e que, provavelmente, se perderá novamente. Sem torcida para apoiar e para comemorar, o futebol passou a ser entre eles, os protagonistas, os operários da bola que dependem quase que exclusivamente uns dos outros para fazer seu trabalho.

E não houve comemoração com a torcida, que lá não estava. E não houve beijo para câmera, pois talvez a vergonha de quarta-feira tenha feito com que eles preferissem evitar aparecer demais. Houve, sim, uma confraternização entre os companheiros, que voltaram a se agradecer a a se abraçar lembrando tempos não muito distantes em que o futebol era jogado entre os jogadores.

4 comentários:

Sidarta Martins disse...

Tomará que dê certo. O melhor de uma crise é a oportunidade para crescer.

Vinicius Grissi disse...

De fato, tinha visto o jogo e não me dei conta disto. Mas é realmente interessante esta linha de pensamento. E tem a ver. Com vergonha, e sem torcida, só restou apoio aos jogadores, em outros companheiros.

Anônimo disse...

Pra você ver que santo de casa não faz milagre. Por aqui o mlk sequer teve chances. Agora pode brilhar no Santos.

Zêro Blue disse...

Grande sacada. É isso mesmo que acontece hj em dia, e interessante que nem observamos como as coisas vão mudando.

Saudações Celestes
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